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A passos largos, siderurgia da Índia deve tomar lugar do Japão em 2018

07/12/2018 | Fonte: Valor Econômico

A passos largos, siderurgia da Índia deve tomar lugar do Japão em 2018

Por Ivo Ribeiro | Valor

SÃO PAULO - Segunda maior nação do mundo em população, a Índia caminha para virar o ano na vice-liderança de produção mundial de aço. Ficará atrás apenas da China, que é líder absoluta, com quase metade do volume produzido globalmente. O país tem um planejamento que visa triplicar a produção atual em pouco mais de uma década.

A evolução mensal da produção neste ano indica que a Índia vai superar a produção japonesa, que há muito tempo é detentora do segundo lugar.

A siderurgia indiana deve encerrar 2018 com volume na casa de 106 milhões de toneladas, enquanto os japoneses devem registrar nova queda em relação a 2017 e terminar o ano com 104 milhões de toneladas. No acumulado de dez meses, até outubro, a Índia alcançou 88,4 milhões de toneladas — o Japão, 87,2 milhões de toneladas.

Em cinco anos, os indianos conseguiram ganhar duas posições no ranking mundial da indústria do aço. Em 2014, estava na quarta posição, atrás de Estados Unidos, Japão e China. No ano seguinte, ultrapassou os americanos. A oferta indiana vem crescendo a taxas anuais que variam de 5% a quase 10%, conforme dados da Worldsteel, entidade que levanta números mensais de 64 países produtores.

Se voltar mais de uma década no tempo, a progressão da Índia, que ainda apresenta um baixo consumo per capita de aço - bem inferior aos 101 quilos do Brasil -, apresenta crescimento contínuo. Em 2005, as usinas de aço locais faziam 45,8 milhões de toneladas. Esse volume saltou para 68,3 milhões cinco anos depois.

Na avaliação de Germano Mendes de Paula, professor titular do Instituto de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia, e especialista dessa indústria, a siderurgia japonesa encontra-se numa situação de estagnação, tanto em produção de aço bruto (108 milhões de toneladas em 2010 para 105 milhões de toneladas em 2017) como em consumo per capita de laminados (495 quilos por habitante ao ano e 505 quilos, respectivamente), “Cabe relembrar que a população japonesa já se encontra numa trajetória negativa", afirma.

Ele aponta também o elevado grau de concentração do setor siderúrgico no Japão, sendo capitaneado por duas gigantes do aço: Nippon Steel e JFE. As duas companhias têm vários investimentos no exterior (principalmente em laminações), incluindo a Índia.

Mendes de Paula ressalta que a siderurgia indiana é voltada principalmente para o abastecimento do mercado doméstico. De 2010 a 2017, as exportações líquidas de produtos siderúrgicos somaram apenas 1,3 milhão de toneladas, o equivalente a 0,18% da produção doméstica de laminados. Mesmo em 2017, quando o volume líquido atingiu 7,5 milhões de toneladas (6,2% da produção).

Já o consumo de aço acabado na Índia subiu de 65 milhões de toneladas para 88,7 milhões de toneladas de 2010 a 2017, crescimento anual médio de 4,6%. No mesmo período, o consumo per capita avançou a um ritmo anual médio de 3,3%.

A Índia vem investindo no setor e tem planejamento de governo definido para crescer até 2031. “Apesar das substanciais dificuldades para a construção de novas usinas de grande porte, o fato é que a capacidade instalada da siderurgia indiana aumentou de 78 milhões de toneladas em 2010 para 125 milhões de toneladas em 2017, de acordo com OCDE [Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico, sediada em Paris]”, afirma o acadêmico.

Mendes de Paula lembra que o Ministério do Aço da Índia publicou a “Política Nacional do Aço 2017” em maio daquele ano. No documento, o governo estima que a capacidade instalada aumentará em 22 milhões de toneladas até 2021, 89 milhões no período 2021-2026 e 64 milhões entre 2026 e 2031, atingindo 300 milhões de toneladas no ano fiscal 2030-31.

O especialista diz que, embora se possa fazer algumas considerações críticas quanto à meta, se de fato é factível, “é razoável assumir que a capacidade instalada da siderurgia indiana continuará aumentando a taxas consideráveis nos próximos anos”.

A siderurgia indiaana vive um momento de consolidação de ativos. Algumas siderúrgicas do país faliram e vêm sendo absorvidas por outras, como a Tata Steel, que comprou a Bhushan Steel, apta a fazer 5,6 milhões de toneladas. A JSW Steel arrematou 88% da Monnet Ispat e a Vedanta Resources ingressou no mercado do aço ao assumir o controle acionário da Electrosteel Steels.

Além desses casos, a Essar Steel, com capacidade de 10 milhões de toneladas, está em processo de venda, sendo que líder golbal do setor, ArcelorMittal — em associação com Nippon Steel — é considerada a mais provável compradora.

“Este processo de consolidação tende a contemplar outras transações, de tal forma que 2018, e eventualmente 2019, serão lembrados como os anos da grande transformação patrimonial da siderurgia indiana”, afirma Mendes de Paula.

A titulo de comparação, a produção brasileira está estagnada no patamar de 30 milhões a 35 milhões de toneladas por ano. Atualmente, a capacidade instalada do país é de 53 milhões de toneladas.

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